
Nos últimos anos, a indústria de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) no Brasil passou por mudanças significativas. O número de investidores cresceu de forma acelerada, com milhões de pessoas físicas ingressando nesse segmento em busca de renda passiva e diversificação.
Esse aumento trouxe maior maturidade ao mercado: surgiram novos fundos, maiores volumes negociados e processos mais estruturados de governança.
Com isso, tornou-se mais comum observar operações de reorganização, fusões e incorporações entre FIIs, à medida que gestoras buscam escalar suas carteiras, melhorar a liquidez e otimizar custos operacionais.
No entanto, nem todas as fusões são bem recebidas pelo mercado — como demonstrado pela recente proposta envolvendo os fundos IRDM11 (Iridium Recebíveis Imobiliários) e IRIM11 (Iridium Imobiliário Master).
Por que IRDM11 e IRIM11 estão se fundindo?
Segundo comunicado oficial da gestora Iridium, o plano de fusão tem como objetivo unir a expertise de ambos os fundos, consolidar operações e criar sinergias operacionais. A movimentação começou com a convocação de uma assembleia de cotistas do IRDM11 para aprovar uma nova emissão de cotas, com o intuito de levantar até R$ 120 milhões.
Com os recursos captados, o IRDM11 pretende adquirir cotas de um fundo monoativo com imóvel estratégico, o que pode melhorar a composição da carteira e gerar valor no longo prazo.
Após essa fase, a Iridium pretende convocar uma nova assembleia para efetivar a dissolução do IRDM11 e transferir seus ativos ao IRIM11. Em contrapartida, o IRIM11 também realizará uma nova emissão de cotas, consolidando o processo de fusão.
Como será feita a troca de cotas?
O plano atual prevê que os cotistas do IRDM11 receberão:
- 9 cotas do IRIM11 para cada 10 cotas de IRDM11 que possuírem
- R$ 61,80 em dinheiro, também proporcional a cada 10 cotas do IRDM11
Vale destacar que os valores e proporções podem ser ajustados conforme a evolução do processo e a aprovação nas assembleias.
Reação do mercado: queda no IRDM11
A proposta de fusão não passou despercebida pelo mercado. Como destacou o jornalista Fernando Cesarotti em artigo publicado no portal Suno Notícias (leia aqui), a cota do IRDM11 despencou após o anúncio da operação.
Isso indica uma desconfiança por parte de investidores, seja pela estrutura da operação, pela percepção de perda de valor ou pela falta de transparência em relação aos reais benefícios da fusão.
Taxa de performance: gestora renuncia cobrança após reação negativa
Um dos pontos mais sensíveis da proposta de fusão era a taxa de performance. O IRDM11 nunca cobrou essa taxa, enquanto o IRIM11 previa uma cobrança de 20% sobre o que excedesse 100% do CDI.
Essa diferença gerou forte reação dos cotistas, que viam na fusão um possível aumento de custo e uma redução na rentabilidade líquida.
Diante da repercussão negativa, a gestora Iridium anunciou a renúncia definitiva da taxa de performance do IRIM11, alterando o regulamento do fundo. A medida visa preservar a rentabilidade dos investidores e facilitar a aprovação do processo de fusão.
Com isso, mesmo após a incorporação, o novo fundo continuará isento de taxa de performance, o que foi recebido de forma mais positiva pelos investidores e pelo mercado.
Essa decisão demonstra uma resposta direta às críticas e uma tentativa clara da gestora de alinhar os interesses dos cotistas à nova estrutura do fundo.
O que os investidores devem observar?
Antes de votar nas assembleias ou decidir manter ou vender suas cotas, os investidores devem considerar:
- Mudança no perfil de risco e retorno do fundo
- Alterações na governança e estratégia de investimento
- Liquidez e negociação das cotas após a fusão
- Potencial valorização do novo portfólio com o imóvel estratégico
- Confirmação da isenção permanente da taxa de performance
Além disso, é fundamental acompanhar o material oficial da gestora e buscar análises independentes para tomar decisões informadas.
Fusão com benefícios e desafios
A fusão entre IRDM11 e IRIM11 é mais um capítulo do amadurecimento do mercado de FIIs no Brasil. Embora traga a promessa de ganhos de escala, redução de custos e maior eficiência, os riscos e as mudanças estruturais não devem ser ignorados.
A renúncia da taxa de performance foi um passo importante da gestora para tentar reconquistar a confiança do mercado. Ainda assim, investidores precisam avaliar se a nova configuração se alinha aos seus objetivos e perfil de risco.
O mais importante é acompanhar o processo de perto, votar nas assembleias e tomar decisões fundamentadas, especialmente diante de operações que impactam diretamente sua estratégia de renda passiva.
