
Nos últimos anos, o mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) passou por uma verdadeira transformação no Brasil. O que antes era uma alternativa de nicho no universo dos investimentos, hoje se consolidou como um dos principais veículos para quem busca diversificação, renda passiva e acesso ao setor imobiliário de forma prática e acessível. O avanço da indústria de fundos imobiliários tem sido notável não apenas em número de produtos disponíveis no mercado, mas também na quantidade de investidores que passaram a enxergar nos FIIs uma ferramenta eficiente para compor suas carteiras de médio e longo prazo. Segundo dados da B3, o número de investidores em FIIs ultrapassou a marca de 2,5 milhões de pessoas físicas em 2025 — um crescimento expressivo se comparado aos números de poucos anos atrás. Isso demonstra uma mudança relevante no comportamento do investidor brasileiro, que vem buscando, cada vez mais, alternativas além da tradicional renda fixa e da renda variável pura, como ações. A facilidade de investir com pouco capital, a previsibilidade dos rendimentos mensais e a transparência dos ativos têm sido grandes atrativos para essa nova geração de investidores.
Os fundos imobiliários, como o próprio nome indica, são fundos que investem em ativos ligados ao setor imobiliário. Eles podem possuir imóveis físicos (os chamados “fundos de tijolo”), títulos de crédito imobiliário (os “fundos de papel”) ou, ainda, ser uma combinação dos dois modelos. Essa estrutura permite ao cotista participar de grandes empreendimentos — como shoppings, galpões logísticos, lajes corporativas e hospitais — com aportes que muitas vezes começam abaixo de R$ 100. Além disso, os FIIs distribuem, por lei, no mínimo 95 % do lucro obtido, o que proporciona ao investidor uma renda recorrente, isenta de imposto de renda para pessoas físicas, desde que cumpridas algumas condições.
Outro ponto que merece destaque é a liquidez dos fundos. Diferente de comprar um imóvel diretamente, que envolve altos custos de entrada, burocracia e um processo de venda lento e incerto, os FIIs têm negociação diária na bolsa. Isso significa que o investidor pode entrar ou sair de sua posição com relativa facilidade, respeitando, é claro, a dinâmica de mercado. Soma-se a isso a vantagem da diversificação: ao investir em um fundo, o cotista passa a ter exposição a uma carteira de ativos, reduzindo riscos concentrados e se beneficiando da gestão profissional de quem acompanha de perto os contratos, os inquilinos e o desempenho dos imóveis.
Entre os fundos mais conhecidos e populares entre os investidores pessoa física está o MXRF11, o Maxi Renda FII. O fundo ganhou notoriedade pelo seu histórico de distribuição de rendimentos mensais e pela acessibilidade do valor da cota, o que o tornou um dos primeiros fundos escolhidos por muitos investidores iniciantes.
No entanto, o mercado de FIIs oferece uma grande variedade de opções, com diferentes perfis de risco, rentabilidade, exposição setorial e estrutura de carteira. Dessa forma, é natural que investidores busquem alternativas ou complementos ao MXRF11, com o objetivo de potencializar os ganhos, reduzir riscos ou encontrar estratégias mais alinhadas com seus objetivos pessoais.
Neste artigo, serão apresentadas três alternativas ao MXRF11 que merecem ser estudadas. Os fundos escolhidos possuem características distintas, representando diferentes formas de atuação no mercado imobiliário — seja pela composição do portfólio, pelo foco em crédito ou pela especialização em segmentos específicos. A ideia é ampliar o horizonte do investidor e mostrar que existem outras opções que também entregam bons resultados, cada uma com seus diferenciais e pontos de atenção.
É importante destacar, no entanto, que nenhuma das informações apresentadas aqui deve ser interpretada como recomendação de compra ou venda. O objetivo deste conteúdo é exclusivamente informativo e educativo. Toda e qualquer decisão de investimento deve ser baseada em análise individual, levando em conta o perfil do investidor, seu horizonte de tempo, tolerância ao risco e objetivos financeiros.
Com isso em mente, vamos explorar três Fundos Imobiliários que podem ser alternativas interessantes ao MXRF11 — não como substitutos obrigatórios, mas como opções complementares para estudo e diversificação dentro de uma carteira sólida e bem construída.
1. SNCI11
O SNCI11 é um fundo de papel com gestão ativa, administrado pela Suno Asset, cujo foco principal é investir em CRIs e outros recebíveis imobiliários, combinando instrumentos indexados à inflação (IPCA) e à taxa CDI . No relatório de maio de 2025, o fundo divulgou um dividendo de R$ 1,00 por cota, equivalente a cerca de 1,10 % ao mês com base na cotação de R$ 91,69, gerando dividend yield anualizado em torno de 13,40 % . Com taxa de administração de 0,15 % a.a., o fundo apresenta uma gestão eficiente em custos . Sua carteira diversificada em recebíveis confere estabilidade, com proteção contra a inflação e capacidade de gerar renda recorrente.
2. VRTA11
O VRTA11, da Fator Gestão, é outro fundo de papel que investe predominantemente em CRIs, LCIs, letras hipotecárias, cotas de FIIs e debêntures, com benchmark no IPCA + 6 % ao ano. O fundo possui patrimônio líquido de aproximadamente R$ 1,3 bilhão . O último rendimento foi de R$ 0,85 por cota, pago em 15/07/2025, representando yield mensal de 1,04 % e acumulando dividend yield de 12,50 % nos últimos 12 meses . Com taxa de administração de 1 % a.a., o VRTA11 é uma alternativa equilibrada, com perspectivas de ganhos atrelados à inflação e controle profissional das emissões de crédito.
3. CPTS11
Lançado em agosto de 2014, o CPTS11 é gerido pela Capitânia Investimentos e administrado pelo BTG Pactual, sendo um fundo de papel especializado em CRIs e outros títulos imobiliários. O fundo distribuiu R$ 0,087 por cota em junho de 2025 (1,205 % com cotação base de R$ 7,22) e aproximadamente R$ 0,09 em julho, acumulando dividend yield anualizado em torno de 12,80 % . A taxa de administração é de 0,08 % a.a. do valor de mercado mais a escrituração. Em seu relatório de maio de 2025, a gestão destacou duração média de carteira de 4,9 anos, sendo 99,38% da carteira em ativos IPCA + 6,68 % e 0,62% da carteira em ativos CDI + 3,75%.
Se você está procurando alternativas ou complementos ao MXRF11, os fundos SNCI11, VRTA11 e CPTS11 se destacam como opções sólidas no segmento de fundos de papel. Todos apresentam dividend yields acima de 12 %, com carteiras diversificadas e estão administrados por equipes com track record relevante.
Antes de investir, avalie cuidadosamente o histórico de rendimento, composição da carteira, liquidez, riscos de crédito, duration e suas próprias metas. Considere também custos e perfil de retorno — afinal, equilíbrio entre renda e risco é o que diferencia um portfólio robusto e sustentável.
Boa análise e bons estudos!
