No último dia de cada mês, a cena se repete: investidores — dos novatos aos mais experientes — correm para conferir os rendimentos anunciados pelos fundos imobiliários (FIIs). É o momento mais comentado nas redes sociais, fóruns e grupos de discussão.
Afinal, quem não gosta de ver dinheiro pingando na conta, isento de imposto de renda para pessoas físicas?
Esse é um dos grandes atrativos dos FIIs: a renda passiva mensal. Porém, junto dessa vantagem, existe um risco que derruba muitos investidores: escolher um fundo apenas pelos dividendos.
O crescimento dos fundos imobiliários e os novos riscos
Nos últimos anos, a indústria de fundos imobiliários cresceu de forma exponencial, atraindo mais de 2 milhões de cotistas, segundo dados da B3. Mesmo com juros elevados e um cenário macroeconômico desafiador, o número de investidores segue aumentando.
Porém, o ambiente atual é mais complexo. A Selic em 15% ao ano, somada a fatores como as incertezas econômicas na China, a política monetária dos EUA e até a nova taxação de Donald Trump sobre produtos brasileiros, influencia diretamente os preços dos ativos, o apetite ao risco e a dinâmica do mercado imobiliário.
Nesse contexto, analisar um FII apenas pelo Dividend Yield (DY) é uma armadilha que pode custar caro.
O perigo de olhar só o DY
Muitos fundos distribuem rendimentos altos por períodos curtos devido a ganhos de capital não recorrentes. Quando esses eventos acabam, o dividendo cai e o investidor que entrou só pelo “DY alto” se frustra — muitas vezes vendendo na baixa e realizando prejuízo.
Por isso, entender o contexto e a sustentabilidade dos rendimentos é fundamental para não cair em ciladas.
5 erros que podem prejudicar seus investimentos em FIIs
- Escolher fundos apenas pelo Dividend Yield (DY)
Um rendimento alto hoje não garante que ele se manterá amanhã. Analise a consistência e a origem desses dividendos. - Não analisar o portfólio do fundo
Descubra se o fundo investe em imóveis físicos (tijolo) ou títulos imobiliários (papel), em quais regiões e qual a qualidade dos ativos. - Ignorar a gestão
A performance de um FII está diretamente ligada à competência do gestor. Avalie histórico, transparência e decisões passadas. - Comprar na euforia ou “moda do momento”
Seguir a manada sem estudar é um caminho rápido para comprar caro e vender barato. - Não diversificar
Concentrar todo o capital em um único tipo de FII aumenta a exposição a riscos setoriais e econômicos.
Como investir melhor em fundos imobiliários?
O segredo não está em encontrar “o fundo do momento”, mas sim em montar uma carteira equilibrada, diversificada e de longo prazo.
Isso significa avaliar:
- Qualidade e localização dos imóveis
- Taxa de vacância e inadimplência
- Histórico de rendimentos
- Estratégia e transparência da gestão
- Diversificação entre diferentes segmentos (logística, escritórios, shoppings, papel, etc.)
Ao fugir dos erros mais comuns, você estará mais preparado para atravessar crises, aproveitar oportunidades e construir uma renda passiva estável.
Investir em fundos imobiliários é uma das formas mais acessíveis e eficientes de construir renda passiva no Brasil, mas exige mais do que simplesmente olhar para o dividendo do mês. Em um cenário econômico desafiador, com Selic elevada e incertezas globais, o investidor que busca sucesso no longo prazo precisa ir além da euforia do rendimento alto.
Ao evitar erros como escolher fundos apenas pelo DY, ignorar a qualidade dos ativos e concentrar demais a carteira, você aumenta as chances de ter um portfólio resiliente, diversificado e sustentável. Lembre-se: em investimentos, consistência e estratégia sempre vencem a pressa e a busca por ganhos fáceis.
No fim, mais importante do que “quanto você ganha agora” é manter uma renda estável por muitos anos — e é isso que diferencia o investidor amador do investidor inteligente.